sábado, 5 de maio de 2007

Assuntos complicados


Realmente, determinados assuntos azucrinam a vida. Eles passam como um filme, na imagem de fundo, nem são o foco principal, e de alguma maneira são fisgados pela minha mente. Daí não consigo parar de pensar neles. Pergunto a opinião das pessoas, pesquiso, tenho que escrever alguma coisa a respeito para que eles me libertem.
Nem sempre são assuntos polêmicos ou importantes, apenas martelam. Basta que a mente fique livre para que eles tomem conta. Só param de se intrometer se lhes dou atenção. O problema é que às vezes não rendem muito, preciso associá-los a outros para que tenham algum significado importante. E o pior de tudo é a vingança que eles cometem, sempre me causam algum tipo de contrariedade.
É alguém que fica ofendido porque acha que aquilo foi com ele, outro que acha que eu não posso pensar daquela maneira, porque não combina com meu modo de ser. E olha que nem tenho tantos leitores assim. Ou tenho?
Já expliquei que é só uma crônica, um pensamento vadio, uma opinião danada que no outro dia muda logo cedo. Bom, aí passo a ser considerada volúvel, quase maquiavélica, alguém em quem não se pode confiar. Poxa! Mas se não falo a verdade sobre ter uma certeza momentânea, também serei acusada.
Quando escrevi sobre a cor das unhas, avisei que era um exercício, mesmo assim quiseram saber se eu era contra quem pintava as unhas de vermelho, se achava muito sexy, se pintava as unhas só eventualmente mesmo.
Falei a verdade, era tudo invenção, só para escrever a crônica. Com uns toques de verdade é certo, pois ninguém consegue fugir dos seus princípios.
Aí sim a pessoa não gostou. Como ela poderia fazer uma imagem a meu respeito se eu escrevo qualquer coisa sobre qualquer coisa?
Justifiquei novamente, não quero perder nenhum leitor. O barato de escrever é este, viajar nos personagens, misturar realidade com fantasia.
Que não sou o que escrevo, mas que estou em tudo que faço.
Fico imaginando a vida dos cronistas famosos, sempre deve haver alguém cobrando uma opinião, um posicionamento.
Lembrei da Martha Medeiros, em um evento que assisti na Feira do Livro. As professoras questionavam uma crônica em que ela comparou Torres a Punta del Este. Muitas pessoas em Torres ficaram ofendidas achando que ela menosprezava a praia do litoral gaúcho. Martha explicou que não, que apenas quis chamar a atenção para alguns problemas daqui, onde a beleza natural é muito maior do que outros lugares. Só esta crônica rendeu bons minutos de explicação. Fora os e-mails que ela confessou que já respondera.
Deixando de lado as comparações, quem me dera um dia eu possa, os assuntos é que resolvem complicar. Assim do nada.
E não é só para quem escreve crônica, pense aí, quantas vezes em uma reunião de amigos, sua língua não foi mais rápida do que sua mente e você lançou aquele assunto inocente que lhe rendeu a maior complicação?

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