sexta-feira, 27 de abril de 2007

Oficinas e pessoas


Gosto de oficinas literárias. Na Feira do Livro de Porto Alegre ocorrem várias.Todas gratuitas e com especialistas nos diversos temas. Em 2006 scolhi três para participar - contos, crônicas e minicontos. Participaria de outras mas eu não tinha mais horário disponível e considerei também um abuso da minha parte, pois as vagas eram limitadas e muitas pessoas não tiveram a oportunidade de participar de nenhuma.

As oficinas foram breves, três encontros de duas horas. Além do contato com o escritor, os participantes tiveram a chance de ver seus escritos examinados e discutidos por um grupo interessado no tema. Conversar, fazer amizades, e confirmar a idéia de como as pessoas são diferentes, pensam de maneira diversa e como gostam de afeto.

Mesmo tendo seus textos já publicados e comentados por muitos, sempre querem a aprovação, o carinho de mais outros leitores.

No dicionário consta como uma das definições para oficina - um lugar onde se realizam grandes transformações. É perfeita. Ninguém sai com a mesma idéia que chegou no primeiro encontro. Leva junto uma lista de livros, um tema para fazer, erros que precisa corrigir, algum mico que pagou na frente de todos. O desejo de escrever melhor ou a vontade de parar no dia seguinte. Um turbilhão de idéias que irá se acomodando com o passar dos dias ou quem sabe até a próxima oficina.

Claro, nem todo bom escritor é também um bom professor, ou oficineiro. Além da técnica tem o carisma, a aptidão para transferir conhecimentos. Algumas oficinas são um verdadeiro show. Outras não. Nem sempre é possível agradar a todos.

O meu dilema foi o seguinte, nas apresentações me intitulei escritora. O que causou inquietação. Muitas pessoas atribuem o título de escritor a quem ganha a vida com seus escritos e já tem livros publicados. Em minha defesa, digo que sou agarrada as definições, aos conceitos. Escritor é o autor de composições literárias. Ainda mais, acho que é a aquele quem tem uma produção contínua e de alguma forma expõem o que escreve para apreciação de outras pessoas. Que não sejam da sua família e de seu círculo de amigos, é claro.

Muitos têm blogs, escrevem em jornais de pequena circulação, publicam em revistas e sites especializados. São inéditos em publicações individuais, em papel.Não é uma disputa com os já consagrados e apreciados pela crítica. Tem lugar para todos e não desgasta a dita profissão. O ofício de quem se confirmou escritor.

Como conceitos sempre podem ser reformulados, quem sabe um dia darei a mão a palmatória. Até lá vocês conviverão com meu exibicionismo.


VERDADES

inteiras, internas,

agradam nuas

e não somente tuas

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