domingo, 29 de abril de 2007

A Pedra do Reino


Ouvir Ariano Suassuna na sua aula-show foi um presente especial. Pela primeira vez ele participou da Feira do Livro de Porto Alegre, em 2005. Levei meu exemplar do Romance d’A Pedra do Reino para que autografasse. Ele o fez com o maior carinho.
Para mim ele é um livro vivo, livre de vaidades e cheio de vida para compartilhar. Sua fala foi alegre, o público atento conectou-se ao escritor que já foi dizendo que gosta de alegria, de fazer as pessoas rir. Ariano gosta de gente, em especial da sua gente. Quer viver e escrever. Ama os livros, o objeto livro, bom de pegar e ler.
Este ano sua obra mais famosa, O Auto da Compadecida completa meio século e ele completa 60 anos de vida literária que foi iniciada em 7 de outubro de 1945, com a publicação do poema Noturno. Ele nasceu na Paraíba em 16 de junho de 1927.
É o criador do Movimento Armorial, fundado em 1970 com o objetivo de cultivar as formas tradicionais da cultura popular nordestina.
Só desta aula já haveria muito para ser dito, mas escolho falar da questão da velhice com a qual o autor não cansa de brincar. É cobrado por ter 78 anos. Perguntam se tem medo da morte, até quando pretende escrever, se está sentindo-se idoso. Ele brinca, diz que não teme ser chamado de velho, velho é velho. O que odeia é a referência à terceira idade. Primeiro porque está errado, são cinco as idades: infância, adolescência, adulta, maturidade e velhice. Três são as idades da fruta: verde, madura e podre. Por isso é péssimo estar na terceira. É com bom humor que ele trata o tema. Um pouco de ironia talvez ou uma união dos opostos, como costuma fazer nas suas obras.
A velhice é uma etapa complicada na vida de muitas pessoas e não são apenas os recursos materiais que a tornam agradável. Envelhecer é realmente uma arte, e o tempero é a própria vida e o modo como ela foi construída.

MELANCOLIA

para não pensar que envelheço

imagens e lembranças

na memória eu teço

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