sexta-feira, 27 de abril de 2007

Questão de concordância


Tenho um amigo que de vez em quando é meu chefe. É difícil separar os dois personagens, pois não posso dizer para um o que diria facilmente para outro.

O problema é o seguinte, respeito a hierarquia, mas não consigo aceitar como ela é utilizada, na maioria das vezes. Eu prefiro caminhos diretos e objetivos.

Isso vem da infância, eu obedecia meus pais, mas em determinados momentos eles me irritavam, mesmo estando absolutamente certos e precisos. Eu não admitia que determinassem meus atos. Principalmente quando não diziam isso de maneira transparente.

Tenho problemas para aceitar que me digam o que fazer, mais ainda em horas em que eu quero fazer outra coisa. É um capricho, uma mania ou rebeldia.

Bom, isso fica claro, pois não consigo esconder quase nada do que penso e sinto, nem quero mesmo, prefiro ser assim, previsível.

Então, meu amigo, no momento chefe, usando a delicadeza de amigo e a responsabilidade de chefe, precisa me passar uma tarefa.

Ele diz:

- Vamos executar o seguinte trabalho.

Eu respondo:

- Fique a vontade para fazer você mesmo - só de birra.

Nem precisa dizer que ele usa a primeira pessoa do plural, nós, quando gostaria de usarmesmo a segunda pessoa do singular, tu.

Mas depois acabo executando a tarefa. Ele faz isso sempre, mesmo em questões que não se referem ao trabalho.É uma questão de concordância verbal, que ele encara como solidariedade. Usa nós só como apoio a causa, o que não resolve nada, pois apoiar não é executar nem o todo nema parte. Ou a parte dele será uma final, depois da minha parte inicial feita com data e hora marcada.

Como no final tudo se encaixa, os personagens são os amigos, acho melhor explicar que isso é só uma crônica e “nós” não devemos levar nada disso a sério.

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