domingo, 20 de maio de 2007

De alma lavada


Estar em férias é também um estado de espírito, um círculo de excelência. Para aproveitar tem que saber relaxar, clicar no botão de desliga do trabalho.
Eu tenho prática e mesmo durante o ano, quando decido tirar um tempo par mim, uma tarde por exemplo, desligo mesmo.
Na volta das férias não lembro nem de meu número de telefone ou onde estão os objetos nos armários da minha casa. Não esqueço para sempre, à medida que vou precisando vou também liberando o acesso as informações arquivadas, de maneira automática.
Como felizmente não tenho grandes problemas, para os pequenos aviso: estou em férias. Não fico tentando resolver as crises do mundo nem querendo entender as pessoas.
Leio, escrevo, cozinho e compartilho minhas horas com pessoas que amo. Mas não preciso estar no Caribe ou em um bangalô master do Nannai Beach Resort. Santa Catarina é suficiente.
Na volta, alma lavada, estresse zerado, é hora de sonhar, desejar, fazer planos e executar os projetos iniciados na virada do ano, com aquela taça de espumante.
Sei que muitas pessoas não conseguem relaxar, provavelmente porque se sentem na obrigação de preencher o tempo livre com mil e uma atividades. Não é meu caso, cultivo o ócio, no período de férias.
Segundo um estudo publicado no Journal of Occupational Medicine, quem nunca tira férias ou não consegue se desligar do trabalho nos momentos de lazer tem 60% de chance de adoecer.
Não quero ficar doente, ninguém quer.
Então o melhor é não se preocupar em relaxar, mas relaxar simplesmente. Dividir as férias em dois períodos, para que não demore muito a chegar novamente. O celular vai, mas fica em casa, não vai até o mar, não toma chope, nem sai junto para caminhar.
Quanto ao trabalho, tenho certeza, ninguém é insubstituível.
E o fundo musical é a música dos Titãs.
...Quero a almaQuero a alma renovadaLavo a almaLavo e seco no varal...Alma lavada, alma lavada
Dessa vida não se leva nada

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